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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Nossa Greve continua

A Associação de Pesquisadores Negros da Bahia – APNB solidariza-se com os professores das universidades estaduais baianas, em greve por melhores salários e condições de trabalho. Além de recebermos “os piores salários do Nordeste”, os recursos destinados a pesquisa e extensão são irrisórios.

Os equipamentos universitários, tais como bibliotecas e laboratórios não atendem a demanda da comunidade. Os investimentos nestas áreas só existem nas estatísticas dos “Informes Publicitários”.

A Lei 7.176/97, expressão autoritária e intervencionista da elite cultural conservadora, ganha seu aspecto operacional com Decreto 12.583/11. Este decreto, ao intentar contra a autonomia universitária, revela a semelhança de concepção de dominação entre a elite cultural progressista, ora no poder e a elite cultural conservadora parcialmente derrotada em 2006. Revela, ainda, um modelo de desenvolvimento, cientifico e tecnologicamente, dependente dos centros acadêmicos universitários conservadores do sudeste e do exterior. Se não, vejamos.

Ao “suspender a concessão de afastamentos de servidores públicos para realização de cursos de aperfeiçoamento ou outros que demandem substituição”, indica a desistência em acreditar num desenvolvimento cientifico autônomo na principal economia do Nordeste. 

Em seu “Informe Publicitário”, alega que fez “investimentos recordes para a ampliação e o fortalecimento do ensino superior no Estado”, tais investimentos foram tão insignificantes que não impediram a transferência de pesquisadores para as universidades federais.

Neste “Informe Publicitário”, o governo relaciona realizações que são fruto da luta pessoal de muitos pesquisadores, como a elevação do número de grupos de pesquisa. Sem apoio na esfera estadual e discriminados na esfera federal, muitos destes grupos têm dificuldade até de sair do papel.

Ainda neste “Informe Publicitário” o governo tenta justificar o injustificável: os professores devem abrir mão, por quatro anos, de reivindicar aumentos salariais em troca do atendendimento de sua “reivindicação histórica”, qual seja, a incorporação da CET. Acrescenta o informe: “a incorporação da CET representa ganho real de 18% no período”. A Pitonisa Governamental, em seu trípodo, deveria, antes de seu oráculo, consultar os sábios do Planalto, para divulgar “ganho real de 18%”.

Com muitos exdirigentes sindicais, a atual equipe de governo, deveria envergonhar-se de propor um acordo que jamais aceitariam, pois não existem trabalhadores que façam um acordo que os impeçam de lutar, no futuro, por melhores salários. Portanto, foi apenas provocação.

Por outro lado, afirmar que a reivindicação histórica dos professores universitários é a incorporação da CET, o governo desrespeita-nos, pois é a autonomia universitária nossa única bandeira histórica, as demais são conjunturais. Mais o intervencionismo universitário é questão de principio para as elites culturais.

Por fim, obrigando os professores a lutar pelo que sobreviver imediatamente, o governo afasta-nos, de fato, de nossa principal contenda que é a autonomia universitária. Temos que inserir esta demanda neste processo de mobilização.


Prof. Nilo Rosa – UEFS
Pres. Associação de Pesquisadores Negros da Bahia - APNB

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