Não sei ordenar nenhum discurso, senão, aquele que expõe o lugar de onde falo, e, por conta disso, fico me reiterando, reiterando, reiterando.
Talvez, aja assim, porque meu orixá é velho. Sou toda Nanã, sou toda ranzinza. Tão ranzinza que há pouco, batia o pé e insistia que o respeito à legalidade, praticada por nós docentes, desde o início desse movimento de greve unificada, seria suficiente para comover os nossos inimigos, a ponto de fazê-los retornar a mesa de negociação.
No fundo reconheço-me como uma simplória na política, porque acreditava na ética de um Governo comandado por ex-sindicalista do Partido do Trabalhadores, que gosta de se vangloriar de ter sido um dia "vidraça". Não me dei conta que, quem um dia foi telhado, adquiriu a enorme habilidade de se esconder e esquivar das pedradas. Não me dei conta, também, que as figuras que estão hoje ao lado do novo Imperador de uma Bahia sem lei, não são mais educadores ou sequer proletários. Estão rendidos, petrificados pelo poder que o olhar da Medusa (o poder) desfere. Em nosso movimento, esses são aliens.
Errei feio! Não somente o remake de Toninho Malvadeza Polacomandou suspender os nossos salários, como nos assaltou, colocando no bolo da suspensão decretada, os dias de trabalho executados, evento nunca antes ocorrido, nem mesmo nos Governos considerados mais autoritários, que com sua verve política ideológica mais articulada nas esferas dos tribunais baianos, organizava um arremedo de investigação de legalidade, para somente após essa pantomima de justicamento, tal investigação desferir na classe trabalhadora docente, o golpe fatal do corte salarial.
Na Assembléia dos Docentes realizada no último dia 02/05 (Auditório Luizão, em Vitória da Conquista), aprovamos a continuidade do movimento e mais relevante ainda, aprovamos deliberações que se colocam no sentido de radicaliza-lo, tudo isso e mais alguma coisa, sendo ratificado na Assembléia Geral Unificada que ocorreu, no dia 04/05 em Itapetinga.
Conquanto eu tenha podido participar somente da Assembléia Docente, realizada no último dia 02/05, aonde cheguei cheia de dúvidas no que diz respeito à necessidade de radicalização do movimento de greve unificada, fui totalmente convencida pelos meus colegas ocupantes daquela tribuna acalorada, que dentre outros argumentos lembraram-me que um Governo lastreado nos princípios mais básicos e indispensáveis da ética, não corta salários de trabalhadores e muito menos seqüestra, o que não é somente caro para a educação, mas para a vida humana: o nosso direito de sobreviver. Um Governo de Todos Nós, não opera no sentido de silenciar vozes dissonantes, ao contrário, ela as amplifica porque não teme enfrentar as oposições.
“Professor não ter gordura para queimar”, dizia o meu colega Chico. Não tem valor agregado no pêlo crespo de suas barbas ou cabelos, visto que, as essas por principio, não se comprometem com o capital privado, como está totalmente comprometida a barba, o cabelo, o olho, o coração, o fígado, o pâncreas, o baço, enfim, o corpo e a alma do Toninho Malvadeza Polaco com a Empresa Transnacional Gillette – e outras empresas – compradora dos seus sedosos pêlos brancos e sua alma podre de político rendido.
Professor não corta o cabelo e a barba, senão, acordando com o seu próprio espelho que vai mudar o visual. E o faz doando-os aos esgotos ou sacos de lixo do barbeiro da esquina, que lhe cobra R$ 5,00 por um corte ou aparo muito bem feito. Que o diga o proletário Cabeleireiro Lay, "barbeiro oficial" da minha família em Jequié, que em 10 anos de trabalho, mudou o preço do seu serviço apenas uma vez.
Segundo o testemunho de uma colega chegada a UESB, há menos que um mês, com marido desempregado e filho de 7 meses para alimentar, o Governo do Estado da Bahia determinou também, a suspensão de empréstimos em consignação para funcionários das UEBA´s e da Secretária de Saúde do Estado, pagos através do Banco do Brasil, o que nos expõe a além do arrocho financeiro, ao assédio de outros bancos (“carniceiros”), que tem operado no sentido de nos fazer endividar, ainda mais. Num relato comovente, essa mesma colega diz nunca ter passado pela experiência do corte salarial em outros estados do Brasil, ainda que mantivesse ativa no movimento de greve.
...
Mas se o Governo quer me quebrar as pernas, eu vou flanar. Vou flanar promovendo uma espécie diferente de vôo. Um vôo que convoca a todos os outros pássaros para flanarem comigo, numa revoada que se assenta no dia do pára tudo na UESB, 11 de maio: graduação, pós graduação, Plataforma Freire, estágios, pesquisas, secretarias, prefeituras, assessorias. E depois voa de novo, dessa vez na direção da Reitoria, para incomodar com nossos piados, o guia dessa passarinhada, até que ele realmente exerça o papel de solidariedade com o seu passaredo; e depois voa de novo, até se assentar no Rádio e TV UESB, aonde o nosso piado de passarinhos terá o alcance das ondas radiofônicas; e depois voa de novo...e de novo...e de novo...até que o ninho se torne mais acolhedor.
Houve um tempo em que meu piado de passarinha se deixava apagar pelo grito das águias. Houve um tempo em que, realmente cria que as águias não queriam devorar os passarinhos, mas hoje já não acredito mais nisso. Passarinhos são passarinhos e águias são águias, isso é fato!
Mas há passarinhos que se pensam águias, porque as águias, espertas que são, deixam espelhos de retorcimento nos ninhos dos pobres passarinhos. E são esses passarinhos – que se pensam águias – que fazem o trabalho das águias na Universidade, defendendo a progressão das atividades que servem a mais valia das próprias: a pós graduação, especialmente, como se ela estivesse flutuando sobre um ninho mais aconchegante que o da graduação e das conjunturas que regem o funcionamento precarizado – condição produzida pela sagacidade das águias – de toda UESB.
O Governo do Estado, quebrou os pés dos passarinhos, e não duvide a passarinhada, que tentará cortar também cortar as asas. Vamos esperar ainda por essa tesoura ou vamos partir para cima do Governo, disparando bicada para todo lado?
RADICALIZAÇÃO DA GREVE, JÁ!!
Por: Professora Tânia Regina Braga Torreão Sá
DCHL/UESB
VAMOS À LUTA!
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ResponderExcluirBelíssimo texto, traduzindo com proeza e poesia o que de fato está acontecendo!
ResponderExcluirDivulgarei para tornar mais forte a revoada ;)
Como ex aluno de universidade pública e atualmente professor da Rede pública, me somo a luta justa e necessária dos docentes das universidades públicas baianas; coloco o blog www.professoralbione16.blogspot.com como ferramenta de divulgação e apoio às mobilizações da categoria. Todo repúdio ao governo Wagner, TRAIDOR DOS TRABALHADORES!
ResponderExcluirAlbione Souza - Professsor de História em Ipiaú.
Podem nos ameaçar,
ResponderExcluirmas não podem nos calar,
vivemos em uma democracia,
Dizemos NÃO a burguesia,
que tanto nos oprimia!