Pesquisar este blog

terça-feira, 25 de junho de 2013

A Polícia Militar brasileira e o grande capital

Waldir Rampinelli*


A Polícia Militar, criada durante a Época do Império no Brasil, tinha como objetivo fundamental defender os interesses dos imperadores e manter os privilégios dos latifundiários escravistas. Em alguns estados brasileiros, como no Acre, eram requisitados para fazer parte da polícia militar os jagunços e pistoleiros que estavam a serviço dos exploradores e destruidores das florestas. Lembram do coronel Hildebrando, o homem da motosserra!

Portanto, a polícia militar no Brasil, na sua origem, tem servido e defendido o grande capital e massacrado os movimentos de escravos e trabalhadores que reivindicavam liberdade e direitos sociais. Paga com o dinheiro público, a polícia militar servia os interesses privados.

Com o golpe de Estado cívico-militar de 1964, as polícias militares sofreram um processo mais intenso de militarização em sua formação nas academias e passaram a atuar na repressão a qualquer movimento popular que exigisse democracia e liberdade. Por conta disso, ela se tornou o símbolo da repressão no Brasil. Muitos policiais foram aprender nas escolas dos Estados Unidos técnicas e métodos de como enfrentar e desmantelar o povo organizado. Estes policiais vieram de lá imbuídos da ideologia de segurança nacional, isto é, salvar o Estado burguês e proteger o capital privado, baixando o sarrafo no povo.

Como acabar com esta imagem autoritária e repressora que marca a farda da polícia militar, hoje no Brasil? Só há um caminho: extinguindo a polícia militar brasileira e criando em seu lugar a polícia popular brasileira.

A função de uma polícia popular seria a de proteger o povo, a comunidade e todo tipo de organização que lute por seus direitos sociais, políticos e civis. Para tanto, esta polícia deveria estar integrada na comunidade tendo que ser conhecida e reconhecida por esta mesma comunidade.

Uma polícia popular usaria muito pouco a sua arma e as suas algemas e muito mais a sua capacidade de negociação. Ela seria olhada com autoridade pelas pessoas, não por conta de seus instrumentos de repressão, mas pelo treinamento em dirimir conflitos, em apaziguar enfrentamentos e em cooperar na solução dos problemas locais. Assim como você procura o bombeiro para apagar um incêndio, procuraria a polícia para resolver um problema.

Muitos devem pensar que este tipo de policial é impossível de existir. A própria polícia militar justifica sua violência afirmando que a sociedade também é violenta. Na verdade, a polícia popular já existe em várias regiões da América Latina, principalmente nos municípios em que os povos originários decretaram sua autonomia. Ali a polícia popular é composta por pessoas escolhidas pela própria comunidade, sendo que todos se conhecem e todos os problemas são resolvidos sem o uso da violência.
Tanto que este tipo de policial não porta armas, mas tão somente algemas e, principalmente, ele traz os endereços das pessoas para poder se comunicar com elas.

Isto é possível no Brasil, conquanto que haja uma total mudança na formação da atual polícia militar que ainda é preparada para defender a propriedade da classe dominante e atacar os movimentos populares que reivindicam seus direitos.

Lembro que o aumento das manifestações em todo o país se deveu, em parte, à truculência da polícia militar de São Paulo contra as pessoas que pediam pelo passe livre.

Quero para o meu país uma polícia popular que proteja a sua população e não uma polícia militar que reprima e oprima os movimentos de libertação.

* Docente da Universidade Federal de Santa Catarina. Entrevista à Rádio Onda Jovem, Florianópolis, hoje (25.06.2013) pela manhã.

Nenhum comentário:

Postar um comentário