1 de dezembro de 2012
12 de novembro de 2009: o então
governador José Serra escolhe o segundo colocado da lista tríplice, João
Grandino Rodas, para ocupar o cargo de reitor da USP.
13 de novembro de 2012: o
cardeal D. Odilo Scherer escolhe Anna Cintra, a terceira colocada nas eleições
internas, como reitora da PUC-SP.
As semelhanças não são mera
coincidência. Antes, revelam um fato fundamental sobre a universidade
brasileira: não há em seu interior mais que uma mera fachada democrática. Os
professores, estudantes e funcionários não tem absolutamente nenhum poder de
decisão dentro da universidade.
O conselho universitário de
cada universidade é quem supostamente toma as decisões, sendo ele também quem
escolhe o reitor. A verdade, no entanto, é que as decisões são tomadas por uma
única pessoa; o governador do Estado, no caso da USP, e o cardeal, no caso da
PUC.
Nenhum reitor ocupa o cargo sem
a sua bênção e são eles quem realmente mandam na universidade. A PUC tem ainda
uma fachada mais democrática que a USP. Além dos diretores de faculdade,
indicados pelo reitor, compõem o conselho universitário professores, estudantes
e funcionários, indicados por seus pares, em igual número.
Na USP, sequer isso acontece. A
presença dos estudantes e funcionários no Conselho Universitário é irrisória e
a dominação do Estado é muito mais aberta.
No entanto, a fachada
democrática da PUC, onde dominaria uma suposta paridade entre os setores da
universidade e onde o voto para reitor é inclusive direto paritário,
simplesmente desabou. A Igreja Católica, dona da universidade, mostrou que no
seu terreno é ela a única que manda e a democracia que todos pensavam existir
não passa de um teatro para contentar a comunidade universitária.
E para quê servem essas
indicações? Para colocar a universidade cada vez mais a serviço da iniciativa
privada, no caso da USP, e sob o controle da Igreja, no caso da PUC.
Os funcionários, professores e,
sobretudo, os estudantes têm resistido a essas medidas. A luta pela saída de
Anna Cintra e de João Grandino Rodas é parte da luta pela verdadeira autonomia
da universidade, cuja única solução está na luta pela constituição de um
governo tripartite proporcional, de professores, funcionários e com uma maioria
estudantil.
Fonte: PCO
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