Em uma terra não muito distante, de tempos sombrios, havia um reino comandado por homens de armas e de guerra. Nesse reino o povo sofria, pois quem governava dizia sempre que era preciso esperar crescerem as riquezas para poder dividir.
Ali, um jovem ex-sindicalista petroquímico sonhava em ser rei e acreditava na democracia e no governo voltado para o bem-estar da sociedade. Naqueles tempos, a sua vida não era fácil, pois era perseguido por suas idéias revolucionárias e perigosas para a estabilidade do reino “ame ou deixe-o”.
O tempo foi passando e os homens de armas e de guerras foram perdendo lugar para aqueles que lutavam pela instalação de uma democracia no reino terras da Bahia. Em sua luta pela reconstrução do reino o ex-sindicalista petroquímico Jaques Wagner foi conquistando espaços cada vez mais importantes na corte da indústria petroquímica, no Partido e Central Única dos Trabalhadores, na Câmara dos Deputados Federal e nos Ministérios.
Até que um dia, finalmente, conseguiu ser aclamado governador do reino, através de uma linda festa democrática chamada eleição direta, com 52,89% dos votos. Para tanto, uniu-se a criaturas de nomes estranhos (e de propostas mais estranhas ainda): PT, PV, PPS, PCdoB, PTB, PMN e PMDB.
Na festa da democracia o reinado “ame ou deixe-o” foi re-batizado como “Reino de Todos os Nós” em uma clara apologia às crenças que o novo rei e suas criaturas de nomes estranhos defendiam para o povo daquele devastado reino que por mais de 500 anos sofreu a violência, o abandono e a exploração.
E o povo daquele reino, acreditando que o sol deve ser para todos, re-elegeu o dirigente sob a promessa de que era preciso mais tempo para que os sonhos se realizassem. E, assim, o povo votou outra vez, reafirmou as esperanças reelengendo o rei ex-sindicalista petroquímico com 63,83% dos votos válidos.
Confiantes nas promessas dos novos tempos, ninguém esperava o que viria a seguir.
O monstro do poder, criatura hedionda que vive nos palácios do reino e que se apossa de todo aquele que, com o coração repleto de arrogância, se afasta de seus mais puros ideais, encontrou vítima fácil no rei-ex-sindicalista petroquímico e em suas criaturas de nomes estranhos.
Arrogante e tendo certeza, então, de que ninguém mais poderia tirar a sua “coroa”, o rei-ex-sindicalista petroquímico virou as costas para o povo e decidiu transformar a todos em bonecos de madeira para que pudesse manipulá-los. Era o plano maldito do “Pinóquio às Avessas”. Sabendo que em outro reino um simples marceneiro havia transformado um boneco de madeira em um ser humano o rei decidiu que, em seu reinado, se fizessem o contrário, transformar seres humanos em bonecos de madeira.
Para executar o seu plano, convocou todos os bruxos do reino para que, com todas as gingas e magias construídas e executadas pelos reis anteriores (os homens de armas e guerras), fizessem a transformação, garantindo, assim, a sua permanência eterna como rei-ex-sindicalista petroquímico do “Reino de Todos Nós” (conhecido pelo povo como o Reino de Todos OS Nós).
Nos passos para a transformação, os bruxos perceberam que um dos maiores perigos para o plano do reinado eterno seria um local construído pelo povo para produzir, sistematizar, difundir e socializar os conhecimentos e culturas elaborados por todos os reinos durante séculos (a educação superior). Descobriram que quando os jovens ingressavam nos locais destinados a produção e socialização do saber denominado universidade, crescia o seu potencial, suas capacidades individuais e criativas, suas possibilidades de continuarem defendendo um reino democrático a (Assembléia Universitária). Como o rei não pode vivenciar plenamente esse espaço era preciso, então, destruir esse perigo com o plano maldito.
“Pinóquio às Avessas” enfrentava um dilema - precisava de um povo com diplomas para enganar os seus súditos e os reinos vizinhos e, assim, não poderia acabar com as universidades. Iniciou então as manobras pérfidas para enquadrar a educação superior em um sistema educacional rígido, conservador, anacrônico e sufocante que resultasse na transformação de pessoas em bonecos. Os docentes e estudantes das universidades resolveram, então, denunciar por todo o reino o que estava acontecendo: direitos violados, constituição federal e estadual ignoradas, professores e estudantes universitários cansados.
Para calar a todos o rei-ex-sindicalista petroquímico “Pinóquio às Avessas” começou a utilizar as piores estratégias para confundir o povo através de propagandas mentirosas, não pagamento dos salários e corte das verbas das universidades. Assim, tenta mais uma vez transformar gente de carne e osso em bonecos de pau, pois a vida acadêmica e o diploma universitário são também chaves para a inserção na humanidade e sua transformação.
Nossa estória ainda não chegou ao fim e você, caro leitor, que não consegue ver-se (nem a seus filhos) como um boneco de madeira, está na hora de escrever o final desta história, lutando publicamente em favor de uma educação verdadeira, edificante, que preserve em nossos estudantes-seres-humanos a capacidade de sonhar, de criar, de transformar e de se realizar.
Para isto, convidamos a que defenda a Educação Pública da nossa terra Bahia e diga “não” ás manobras do rei e de suas criaturas de nomes estranhos combatendo a maldição do seu plano. Despertem pais, educadores, empresários, políticos, religiosos, movimentos sociais e a sociedade baiana para um novo olhar sobre a Educação Superior na Bahia. "PINÓQUIO ÀS AVESSAS" é uma história real que provoca questionamentos sobre o sucateamento das Universidades Estaduais da Bahia, impedindo-as de realizarem a sua missão.
*Reginaldo de Souza Silva – Doutor em Educação Brasileira, professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Email: reginaldoprof@yahoo.com.br
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