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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ao mestre com espinho


*Alexandrina Mendes Santana - História UESB/VC
Disse com espinho, mas é com carinho que espeto. Espeto para que saibam o que sinto, se isso importa. Àqueles que nos enganam com suas fingidas falas, àqueles que por trás do espetáculo de atuação pública escondem seus desejos por benfeituras do governo. Pensam em posição, cargos, dinheiro... Dinheiro esse que nada lhe dará além de luxos. Talvez pensem essas ser palavras de uma jovem sonhadora, mas não estou dormindo. Estou escrevendo! E com o propósito que elas, se puderem ser lidas por vocês possam ferir-lhes de modo tal, que sempre que desses cargos, posição, dinheiro e luxo desfrutarem, lembrem-se: isso valeu os direitos de tantos, a luta de muitos, o desgaste no Sol por nada, a chance de mais uma história ser criada. Esses discursos que ouço alguns dizerem, de que revolucionários foram aqueles que lutaram pelo voto feminino, pelo voto universal, na ditadura etc. Que esta geração Coca-cola só pensa em internet e sexo... em drogas...em diversão.  Que a juventude está perdida no crack, que a violência está tomando conta do mundo, que a saúde anda cada dia pior, que a falta de educação e moradia só têm crescido e impulsionado a violência, são os dizeres mais frequentes ultimamente. E por que razões acreditam ser isso? O desejo de poder é o câncer da humanidade. Não bastam ter o suficiente, não se contentam nunca, mesmo que pra isso mortes cerebrais aconteçam e as mentes tornem–se apáticas, verdadeiros andróides programados para serem entretidos pela televisão (comunicação), carros (para transportar-se), viagens (para ver lugares), roupas (que servem para cobrir o corpo) luxuosas casas (que servem pra lhe abrigar do tempo) móveis (que servem para lhe confortar, guardar, enfeitar) exclusivamente para continuar a abastecer os que querem o melhor, e mais caro TV, CARRO, ROUPA, CASA, MÓVEL, CAFÉ (kopy luwak 2.500,00 R$ - O kilo). Pois bem, tudo isso para fazer entender a nossa vez na história. Dizer que não seremos abafados desta vez. Sabemos o nosso papel. E se é pra sermos chamados depois de sonhadores, baderneiros, maconheiros, juventude que só pensa em futilidades e internet, que sejamos isso. Mas seremos lembrados... Como os que lutaram, foram insultados e julgados, mas que não passaram  por esta ordem imposta a gente como cordeiros. Talvez estes aos que escrevo consigam abafar nossos atos e os maiores que eles, os dêem o que almejam. Os veremos com seus carros, cargos, casas e luxos.  Os veremos em atos públicos de fachada, os veremos nos órgãos ditos de reinvidicação “lutando” pelos trabalhadores, por direitos.... Tá certo!
Voltaremos ao nosso aprendizado tão de fachada quanto os seus atos públicos, tentaremos continuar como sempre fizemos. Choraremos depois de um longo dia de trabalho para conseguir esse mesmo dinheiro almejado e pagar nossas casas, carros, roupas e comidas...
No meu caso, pagar meu aluguel, a comida de minha casa, a luz e água que consumimos as coisas de minha filha.  Nossas vestimentas. Fazer cópias de minhas fontes de estudo (não posso comprar livros) para tentar encontrar um tempo e lê-las. Meu corpo cansado não suporta permanecer acordado para isso. Carrego o peso minha pequena diariamente em minhas pernas quando pedalo indo e voltando de minha tão sonhada universidade. Já quis desistir, sair dessa realidade onde tempo é dinheiro. Se agora até o tempo é dinheiro, minha vida é dinheiro, minha sobrevivência é dinheiro, minha morte é dinheiro. Quero poder viver somente. Alguns dizem que o sofrimento é aprendizado, até concordo um pouco. Mas talvez os poetas que afirmam isso possuam seus confortos, ou habitam em lugares que o sofrimento pode ser resumido num amor não correspondido, ou solidão quem sabe. Não morrem de fome, não passam frio e todas as mazelas de um pobre. Não vivo assim ainda bem, pois com o mínimo que pude (mesmo com todos esses empecilhos) acumular de conhecimento e vivências, tenho a permissão de escrever isso. Aos meus mestres que se viram novamente esperançosos com nossos esforços e, mesmo com algum interesse primário viu em nós a força de mudar, mudar o imutável nesse mundo, mas ao menos tentar mudar algo, que engrossem as fileiras da insatisfação e da denúncia. Estendo o convite aos pais, trabalhadores, enfim, a todos que pagam impostos e são roubados.
As mentes ainda permaneceram egoístas por seus bens, os outros que se danem. Mas quem sabe não mudam?!
Pois a cada dia aproxima-se o iminente fim. O fim das vozes caladas! E essas sim ferirão, muito mais forte que este espinho.
P.s: A data em que escrevi este texto: 14/04/2011. Previa algo?

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